Ricardo Antunes
O
autor inicia o texto falando que na contemporaneidade é quase comum falar na
"desaparição do trabalho", podendo ser introduzido a problemática da
chamada crise da sociedade do trabalho, onde cita os principais formuladores da
chamada "Sociedade do Trabalho".
Faz
uma distinção analítica com provocação crítica no que se refere à questão
trabalho, mostrando a influência weberiana e a marxista, onde na weberiana as
mudanças em curso teria iniciado ou realizado uma destruição da "ética
positiva do trabalho" e os marxistas dizem não ter sentido falar em ética
positiva do trabalho no sistema capitalista, porque Marx tem uma concepção
negativa do trabalho sob o capital.
De
acordo com o autor, se o plano gnosiológico opera a desconstrução ontológica do
trabalho, paralelamente, no mundo real, este se reconverte em uma das mais
explosivas questões da contemporaneidade, isso porque o trabalho ocupa a
centralidade, por isso vê como equivoco, críticos falarem do desaparecimento do
trabalho baseado apenas eurocentricamente, pois é preciso lembrar que 2/3 da
humanidade que trabalha, está no chamado "Terceiro Mundo" e que
também existem as complexificações decorrentes da nova divisão internacional do
trabalho na era do capital mundializado, onde o mundo produtivo e de serviços
ainda precisa de uma dada forma de trabalho, seja ele material, produtivo ou
imaterial, ou seja, a própria existência do capital financeiro supõe uma
produtividade para se embricar.
Em
seguida o autor emblatiza algumas teses que propagam o fim do trabalho ou mesmo
o fim de sua centralidade, dizendo que existem interações entre o trabalho vivo
(humano) e o trabalho morto (máquina), que embora venha ocorrendo cada vez mais
a redução do proletariado e ampliação do trabalho intelectual na chamada era da
empresa enxuta, é difícil a substituição total do trabalho pela ciência, porque
sempre vai haver o trabalho produtivo e o trabalho improdutivo, o manual e o
intelectual, o material e o imaterial, bem como a divisão sexual do trabalho.
Porque
a lógica do capital é excluir uma grande parcela da força humana que trabalha
para que seu processo de acumulação e valorização se expresse, assim como o
capital torna suas mercadorias "supérfluas" sem as quais não
sobrevive, o mesmo faz com sua mercadoria força de trabalho sem a qual também
não sobrevive, e isso traz enormes consequências no mundo do trabalho como por
exemplo: a diminuição do proletariado fabril; o desaparecimento de algumas
profissões; o incremento dos assalariados médios e de serviços; a exclusão de
jovens e idosos; o trabalho infantil; a divisão sexual do trabalho com a
desvalorização da mão-de-obra feminina; o terceiro setor; Avanços na
flexibilização e fragmentação do trabalho devido acrescente internacionalização
do capital. O sistema capitalista necessita cada vez menos do trabalho estável
e cada vez mais do trabalho parcial part-time, terceirizado, precarizado,
exigindo cada vez mais a qualificação dos trabalhadores. O Capital não pode se
reproduzir sem o mínimo de trabalho vivo, embora o trabalho morto domine o
trabalho vivo, onde essa transferência de saber para as máquinas a tempo a
empresa enxuta e o aumento da alienação do trabalho, mesmo assim a sociedade continua
fundada no trabalho.
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