sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A crise da sociedade do trabalho - fim da centralidade ou desconstrução do trabalho?

Ricardo Antunes

O autor inicia o texto falando que na contemporaneidade é quase comum falar na "desaparição do trabalho", podendo ser introduzido a problemática da chamada crise da sociedade do trabalho, onde cita os principais formuladores da chamada "Sociedade do Trabalho".
Faz uma distinção analítica com provocação crítica no que se refere à questão trabalho, mostrando a influência weberiana e a marxista, onde na weberiana as mudanças em curso teria iniciado ou realizado uma destruição da "ética positiva do trabalho" e os marxistas dizem não ter sentido falar em ética positiva do trabalho no sistema capitalista, porque Marx tem uma concepção negativa do trabalho sob o capital.
De acordo com o autor, se o plano gnosiológico opera a desconstrução ontológica do trabalho, paralelamente, no mundo real, este se reconverte em uma das mais explosivas questões da contemporaneidade, isso porque o trabalho ocupa a centralidade, por isso vê como equivoco, críticos falarem do desaparecimento do trabalho baseado apenas eurocentricamente, pois é preciso lembrar que 2/3 da humanidade que trabalha, está no chamado "Terceiro Mundo" e que também existem as complexificações decorrentes da nova divisão internacional do trabalho na era do capital mundializado, onde o mundo produtivo e de serviços ainda precisa de uma dada forma de trabalho, seja ele material, produtivo ou imaterial, ou seja, a própria existência do capital financeiro supõe uma produtividade para se embricar.
Em seguida o autor emblatiza algumas teses que propagam o fim do trabalho ou mesmo o fim de sua centralidade, dizendo que existem interações entre o trabalho vivo (humano) e o trabalho morto (máquina), que embora venha ocorrendo cada vez mais a redução do proletariado e ampliação do trabalho intelectual na chamada era da empresa enxuta, é difícil a substituição total do trabalho pela ciência, porque sempre vai haver o trabalho produtivo e o trabalho improdutivo, o manual e o intelectual, o material e o imaterial, bem como a divisão sexual do trabalho.

Porque a lógica do capital é excluir uma grande parcela da força humana que trabalha para que seu processo de acumulação e valorização se expresse, assim como o capital torna suas mercadorias "supérfluas" sem as quais não sobrevive, o mesmo faz com sua mercadoria força de trabalho sem a qual também não sobrevive, e isso traz enormes consequências no mundo do trabalho como por exemplo: a diminuição do proletariado fabril; o desaparecimento de algumas profissões; o incremento dos assalariados médios e de serviços; a exclusão de jovens e idosos; o trabalho infantil; a divisão sexual do trabalho com a desvalorização da mão-de-obra feminina; o terceiro setor; Avanços na flexibilização e fragmentação do trabalho devido acrescente internacionalização do capital. O sistema capitalista necessita cada vez menos do trabalho estável e cada vez mais do trabalho parcial part-time, terceirizado, precarizado, exigindo cada vez mais a qualificação dos trabalhadores. O Capital não pode se reproduzir sem o mínimo de trabalho vivo, embora o trabalho morto domine o trabalho vivo, onde essa transferência de saber para as máquinas a tempo a empresa enxuta e o aumento da alienação do trabalho, mesmo assim a sociedade continua fundada no trabalho.

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